Fonte : Fotosquefalam
“As coisas que queremos e parecem impossíveis só podem ser conseguidas com uma teimosia pacífica”
Mahatma Gandhi
O amor na educação...
Prof. Amilcar Bernardi
A questão que se apresentou no grupo de professores era a seguinte: o professor ensina por amor às crianças ou não? Fiquei a refletir. Para darmos aulas devemos amar as crianças (e, por consequência, os adolescentes)? Haverá aqui algum problema semântico do tipo, a que amor nos referimos? Em outro momento ouvi de uma professora a seguinte frase: “Mais que amar crianças, temos que amar ensinar.” Pensei: estamos falando agora de coisas diferentes?
Amor? Confesso que não sei o que escrever de definitivo sobre esse tema. Porém, tenho uma certeza: amor é vínculo. Não sei dizer também se todo o vínculo motivado por amor é prazeroso. Nem sei se é possível dizer quais vínculos são melhores ou piores. Entretanto, sei que amor é estar afetado. Portanto, amar a criança é muito importante, faz a ponte. Óbvio. Mas nem todos que amam crianças dão aulas (ou boas aulas). Portanto, é um quesito, mas é apenas um dos quesitos importantes. Um dos, que fique claro. Se assim não fosse, toda pessoa que ama, daria aulas.
Lembrei da minha tão amada Filosofia. O conceito clássico (vago, mas interessante) é que a Filosofia é o amor à sabedoria. Ou seja, amar a sabedoria é um tipo de afetar e afetar-se extremamente importante para quem é educador. Creio que, amar a sabedoria é tão importante quanto amar a criança/aprendiz. Sem desejar a sabedoria de nada adianta desejar educar. Todo o educador tem que se assemelhar a um filósofo da educação! Portanto, um amante de crianças, da sabedoria e também um amante de todas as questões que envolvem a educação.
Agora posso discutir a frase da professora quando ela dizia que temos que amar ensinar. Amar ensinar acrescenta novo sentido a ensinar por amor. Aqui, o ato de ensinar é (ou também é) objeto de amor. Penso que estamos num patamar semântico muito interessante. Esses amores todos são diferentes, embora não excludentes. No entanto, apaixonar-se pelo ato de ensinar, quando penso em escolas, é muito mais interessante. Aproxima-se da Filosofia, pois reflete sobre o como, o porquê e sobre a qualidade da aprendizagem. Nesse patamar, amamos a todos os aprendizes e a todos os que pensam sobre o ato de ensinar. Também é provável que amemos a humanidade, pois sem a paixão pelo ensinar, nada de bom será ensinado às pessoas todas.
Amar a criança é uma coisa. Amar as possibilidades de fazê-la crescer na aprendizagem acadêmica de maneira prazerosa, virtuosa e ética é outra coisa (ou outro patamar). Todos devemos amar crianças e jovens. Mas nem todos devem, por isso, tornarem-se professores.
Fonte : Blog Prof Amilcar Bernardi
- Amilcar Bernardi
- Vice-diretor de escola,professor de Filosofia, Psicopedagogo,palestrante, escritor, Conselheiro Municipal de Educação e articulista. Twitter: @amilcar_bernard