3 de agosto de 2010

Conceitos e concepções paradigmáticas frente à ludicidade na infância





                                           Fonte : Revista Virtual Partes

                    Autoras: Helenise S. AntunesJamily Charão Vargas -

Quando se pesquisam as práticas pedagógicas realizadas com crianças pequenas no decorrer de sua alfabetização, reflete-se sobre as estratégias e metas para um trabalho docente de maior qualidade didática, que priorize o desenvolvimento pleno dessas crianças que compõe este nível de ensino. Neste momento, pensar a ação pedagógica significa voltar à atenção para o processo de aprendizagem infantil, para o bem-estar do aluno, respeitando as exigências da fase de desenvolvimento motor, psíquico, cognitivo, social e cultural.  Frente a isso, torna-se necessário pensar além dos conteúdos e técnicas a serem trabalhados na primeira infância, mas também, e principalmente, elaborar atividades que contemplam a infância. Nesse sentido, trabalhar com a ludicidade, permitindo a livre expressão do esquema corporal, da curiosidade, da criatividade, da fantasia e imaginação dos pequenos é muito importante.

                                               
 
Ao longo de estudos sobre a epistemologia educacional, algumas leituras instigam novos pensamentos e questionamentos frente à esta temática da “ludicidade na infância”, o que contribui para o desenvolvimento desta reflexão. Assim, reflete-se alguns determinismos culturais influenciadores do modo das crianças viverem espaços e atividades lúdicas ao longo dos tempos. Assim, são construídas perspectivas para a abordagem da ludicidade e da infância visto que, inerente a elas, estão os processos culturais e históricos da sociedade. Compreende-se que não há possibilidade de pensar a ludicidade para crianças sem estudar a infância e os conceitos que a sociedade lhe atribuiu ao longo do tempo. Assim, também não se pode estudar a infância sem enfatizar as práticas lúdicas utilizadas nos diferentes tempos históricos e nas distintas culturasEntretanto, Brougère (1995) afirma que os estudos existentes sobre as práticas lúdicas, até então, não costumam muito associá-las à cultura e à história da sociedade, o que seria bastante relevante, e mesmo fundamental.


 
A história da evolução do brinquedo, das brincadeiras e dos jogos infantis, bem como a história da infância e dos conceitos que se construiu dela, baseia-se na história e na cultura da sociedade. É importante que se entenda a infância como uma fase que nem sempre foi conceituada da maneira que é atualmente, podendo ser vista de diferentes perspectivas dependendo do tempo histórico, do lugar e da cultura em questão. Dessa forma, também a ludicidade, presente nessa fase da infância, sofre mudanças em seu conceito e concepções, mudanças estas determinadas pela época histórica e, principalmente, pela cultura da sociedade. Nesse sentido, segundo Morin (1991), para o indivíduo constituir-se e desenvolver seu conhecimento deve fazer parte de uma cultura, a qual é o ponto determinante na construção social. Assim, há um movimento recíproco, no momento em que a cultura determina o ser humano, e é determinada por ele.

Segundo Brougère (1995), no período histórico de Rousseau não era aceitável atribuir valor a comportamentos espontâneos originados pela própria criança, o que desvalorizava os atos lúdicos e, consecutivamente, a existência das práticas lúdicas. Já durante o Romantismo, Brougère (1995) afirma que houve a exaltação e valorização dos comportamentos naturais das crianças pela sociedade, pois se enxergava neles uma verdade maior que aquelas provindas da razão por meio dos conhecimentos já constituídos. Nesse período, a sociedade passou a compreender a sociabilidade como destruidora de qualquer espontaneidade existente nas pessoas. Assim, houve uma total reavaliação do conceito de ludicidade, a qual passa a ser entendida como o “comportamento por excelência da criança”. Conforme Ariès (1986, p.275), ao comentar sobre a visão dos adultos perante a infância..." Interessante não ? Gostou ? então acesse aqui ....até! Boa leitura !